25 outubro 2007

Lógica

Há muito, muito tempo era eu uma criança perguntei ao meu avô como é que se plantam (ou semeiam, coisa que para um Lisboeta é igual) batatas. Ele explicou-me que se cortam batatas em pedaços deitando-se à terra para germinar. Lembro-me que me explicou que se tinha de preparar a terra em carreiros de uma forma que não compreendi totalmente e que a película do tempo, transformada em catarata da memória, também não ajuda a lembrar. A terra é remexida e trocada de um carreiro para o anterior. A questão que coloquei era referente ao último carreiro. O que lhe acontece?

Esta questão e o problema de serem necessárias batatas para produzir batatas, coisa que não é menor e que leva a questionar se este ciclo tem uma divergência não nula, fez-me pensar que esta seria a lógica da batata.

Ora, toda a gente tem a lógica da batata assimilada o que me levou a esconder todos estes anos que não percebo a dita lógica.

O que não me tinha ainda apercebido é que há uma nova lógica da batata. Esta neológica é a lógica da batata trangénica. É aplica-se quando se tem uma batata quente nas mãos e visa evitar que haja batatada embora, invariavelmente, acaba tudo em batatada na mesma.

(É curioso que este tubérculo que matou a fome a tanta gente tenha uma derivação para salganhada – batatada – aliás tal como a castanha – castanhada. Pergunto-me se Cristovão Colombo alguma vez pensou nisto tudo quando trouxe para a velha Europa este alimento usado originalmente pelos Incas.)

A lógica da batata trangénica é aplicar todo o esforço a maximizar o número de batatas que cada pedaço pode produzir. Apenas, e só, isto. Não havendo mais premissas vale tudo. Parece simples e, de facto, é.

Não há, contudo, lugar a regozijo por compreendermos esta lógica uma vez é aplicada às organizações e às pessoas das organizações da mesma forma que é aplicada a cada plantação de batatas transgéncias.

Ajustam-se conceitos e forma-se uma nova ordem. Todos os valores que não se exprimem no excel juntam-se à espuma dos dias e desaparecem. Cria-se uma nova justiça baseada na criação de valor para o accionista. Cria-se uma nova linguagem – o excelês. Só se fala nesta língua sendo tudo o resto ruído e criando-se mecanismos automáticos de sensura.

É duro não perceber a lógica da batata e perceber a lógica da batata trangénica. Conto desenvolver cataratas na razão para ser mais feliz.

14 outubro 2007

Durão

Durão Barroso disse que «Fui ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro no meu país e muito frequentemente temos de nos sentar em reuniões internacionais na companhia de pessoas com as quais a minha mãe não gostaria de me ver».
Aliás, a Senhora anda numa angústia permanente desde o tempo do MRPP.