27 fevereiro 2009

Almoço

O bife do almoço soube-me melhor do que é habitual. Deve ser da quaresma!

Nuas

É uma lástima o que está a acontecer em Torres Vedras no Carnaval. O ministério público quis imprimir algum mistério púbico mas o tribunal não deixou. Estou desolado.
Naturalmente que ninguém quer ver mulheres nuas se tal for permitido. Se o dito acto não tiver censura moral (ou outra censura qualquer) perde o grosso do interesse. Se a minha mulher me deixasse comer leite condensado às colheres na sala enquanto vemos o Pós e Contras não duvido que tal iguaria soubesse a amargo. Felizmente não permite, pelo que vou às escondidas à cozinha, sem luz, descalço atacar a bisnaga de leite condensado no frigorifico. A sua lâmpada no interior cria na cozinha um ambiente deliciosamente cúmplice.
O mesmo se passa com mulheres nuas. Não é coisa de deva ser franqueada, por Vénus! Tem de existir um ambiente de sedução – dissimulado e transgressor. A existência de uma luminosidade vermelha ajuda (o Salazar comprou um candeeiro bem catita que envolvia os seus momentos de loucura).
É por esta razão que as mulheres (e também algumas Senhoras) não se despem em qualquer lado nem à frente de qualquer um (excepto a Linda Reis, mas eu vou restringir o objecto da minha reflexão a seres com córtex desenvolvido). Fora de um contexto adequado à intimidade do acto, a nudez fica ela própria despida de sentido e interesse.
Claro que nem tudo na vida é a preto e branco. Há zonas cinzentas onde, por exemplo, estão os filmes da Soraia Chaves. Este é um caso complexo e estimulante que teve origem no desafio pessoal de um guionista que quer ver a actriz nua mas rejeita o caminho fácil da busca na net. Deste modo, empenha-se em criar um guião que lhe assente que nem uma luva e vende-o a uma produtora. Tem mérito e o meu respeito.
Acontece que, assim, o posso ir ver com a minha mulher. Esta é a questão. Há apenas duas formas de a encarar: ou vamos os dois ver o filme pelas cenas da Soraia – o que elimina o proibido de ver a Soraia nua perdendo toda a gaça – ou adopto uma postura esquizofrénica – fico doido com a beleza, sensualidade e sedução da actriz mas, num tom muito sereno, vou dizendo “Fantástica, a forma como o realizador coloca a luz!” ou “Repara que grande actriz. Como sobressai mesmo num contre-plongée.”
Claro que podíamos ver o filme, deixarmo-nos levar pela sensualidade e inspirarmo-nos para o amor pleno – emocional e físico – mas ninguém acredita que um casamento seja uma relação saudável.
Voltando à questão do Carnaval, foi uma oportunidade perdida. A proibição reporia a decência pública que contrastaria com a sem vergonhice privada. Não proibir este despautério em público esvazia-o de interesse. Esta realidade é demonstrada no The meaning of live dos Monty Python. Numa aula de educação sexual cujo tema do dia era “Cópula” o professor não consegue a atenção da turma enquanto a exemplifica com a sua mulher. Obvio! Sendo matéria de exame, naturalmente, que é enfadonha!
Ainda tenho esperança que o Eduardo Nogueira Pinto, ou o seu pai, venha colocar uma providência cautelar contra o nu no Carnaval. De certeza que irá encontrar algum argumento jurídico e muitos argumentos morais. Desde já autorizo a cópia destes argumentos.


Nota: Querida, quando leres isto não fiques aborrecida. Isto pretende ser uma crónica e neste formato, de forma diletante, o autor pode desenvolver uma tese que não é a sua e que não acredita. A verdade é que isto é uma critica à família Nogueira Pinto. Além disso, queria ter a oportunidade de escrever a palavra “diletante”. (também queria escrever a palavra “bidé” e “ortopantomgrafia” mas não consegui)

25 fevereiro 2009

24 fevereiro 2009

YOP Natural

Nasci há 12 dias numa fabrica nos arredores de Lisboa. O maravilhoso mundo dos lacticínios criou-me numa das suas versões mais básicas. Sou líquido, é certo, mas não suficientemente sofisticado. Pelo menos sou um pouco mais espesso que um caprissone.
Gostava de ter sido um Actimel ou ter o glamur de um Corpos Danone ou ter o respeito de um Danacol. Odeio ser um iogurte natural. Queria ter algum sabor. Odeio a minha embalagem.
Com outra embalagem teria sido colocado numa prateleira melhor. Toda a gente olharia para as minhas curvas e me respeitariam. Seria mais caro. Teria um target num segmento mais alto. Seria levado para um frigorífico moderno colocado ao lado de um chèvre ou um tokaji.
O consumidor tem uma atitude displicente em relação ao meu prazo. Desde a primeira fermentação que tenho medo de ir para o lixo por passar o prazo. E ainda que seja consumido, serei bebido até ao fim? Serei deixado a meio com a tampa aberta?
Deus queira que a minha embalagem seja reciclada em vez de ir parar ao lixo e ser catado por um tipo com uma boina.

23 fevereiro 2009

Aforismos múltiplos

A pulseira electrónica condiciona muita a vida duma pessoa especialmente quando se acaba o açúcar em casa.

Se, na floresta, um lobo nos diz que odeia o que fizemos ao cabelo e não nos come não é mau: é frontal.

A pornografia não é tão atraente como parece se for vista de manhã cedo ao acordar ou se nos lembrarmos a meio da Odete Santos.

Afinal, a capacidade se manter em silencio de Manuela Ferreira Leite é uma característica admirável.

Ao contrário do que se pensa os lenços de papel não foram inventados pela produção do Só Visto.

Todo o burro come palha é preciso é saber-lha dar.

07 fevereiro 2009

Encher chouriças

E se for desafiado a escrever um texto com as palavras rugby, luva, janela, Mantorras e chouriça? O que faria?



Manuel Monteiro justificou a sua demissão de líder do PND com o facto de a sua estratégia ser ter provado inadequada. Lamentou, igualmente, que o partido não lhe tenha acrescentado nada.
Tal afirmação não me parece correcta. Em rigor, Manuel Monteiro ganhou pelo menos 10kg. Daquele ar escanzelado do tempo do PP passou a ostentar um ar muito rechonchudo.
Parece que este partido foi criado por receita médica. O seu médico, o mesmo do Mantorras, mandou-o engordar. E este novo partido foi a janela de oportunidade para o tratamento.
Talvez andar de feira em feira a comer chouriças oferecidas tenha ajudado. A expressão “andar à mama” assenta-lhe, assim, que nem uma luva. Não conseguiu obter um pescoço de jogador de rugby mas tem uma bela papada!