23 dezembro 2007

ASAE

O Senhor Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor diz (ou lamenta-se) em comunicado que “têm proliferado nos meios de comunicação social diversos artigos de opinião que visam denegrir e até ridicularizar a actividade da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE)”.

Eu acho que o grande esforço de ridicularização da ASAE tem sido exercido pelos próprios e pelas pessoas envolvidas nas acções. Recordo-me, por exemplo, da feira de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Sto António. Após uma das acções de fiscalização da ASAE o militar da GNR que apoiou a operação aparece todo sorridente na TV congratulando-se pelo enorme sucesso. Tinham confiscado muitos CDs e DVDs piratas, roupa com marcas falsificadas e outros produtos que não me recordo.
Isto seria normal se não fosse a GNR a responsável por cortar o transito todas as vésperas de feira e pelo seu patrulhamento durante os últimos 16 anos (pelo menos que me lembre). Pelo menos seria normal se nessa feira nunca se tivessem vendido, nos últimos 16 anos, CD e DVDs piratas bem como marcas de roupa falsificadas.
Há coisa tontas, não há?

Outro aspecto ridículo da ASAE é gritarem constantemente o argumento das “consequências para a saúde pública”. No programa Expresso da Meia Noite da SIC Notícias da semana passada o responsável da ASAE chegou mesmo a dizer que “podem morrer pessoas” e que já tinham morrido não sei quantas nos EUA.
Este responsável da ASAE está mesmo convicto que são necessárias todas estas acções, nos exactos moldes em que têm sido feitas, e que há mesmo consequências para a saúde das pessoas. Terá razão?
Eu gostava de saber se o responsável máximo da ASAE andou a comer toda a vida bolas de berlim na praia, azeite em galheteiro, carne de um talho com facas de cabo de madeira e a beber medronho caseiro. Se, de facto comeu, há aqui a hipótese de esse comportamento levar as pessoas a ficarem chatas e fundamentalistas. Mas, mesmo sem ver a o hemograma, os marcadores hepáticos e o resto da bioquímica do senhor, eu diria que aparenta estar bem de saúde.
Se nunca comeu nada disto que percegue eu propunha que de vez em quando fosse comer umas conquilhas não depuradas e um medronhosito caseiro sem rótulo ao Algarve que se sentirá mais tranquilo.

Colocam-se ainda mais algumas questões.
Começando pelo fim o comunicado do Senhor Secretário de Estado parece ter sido negociado entre o seu assessor jurídico e o seu assessor de imprensa e o resultado é mais asséptico que a cozinha de sonho da ASAE.
Apesar da exposição mediática do seu líder a ASAE não tem sabido explicar à opinião pública o mérito da sua actividade. Já repararam que este líder tem mais minutos de televisão e rádio que alguns ministros? Em política o que parece é, e parece muito desejo de protagonismo.
A correcta explicação destas acções são fundamentais uma vez que desafiam as tradições e, sobretudo, o bom senso.
Por outro lado, fazem uma aplicação cega da lei. Há uma grande diferença entre uma discoteca de um grande grupo económico que prevarica e a tasca da Tia Maria no meio da serra algarvia onde vende medronho caseiro e onde não há uma SADI. Uma coima de 500€ para a Tia Maria representa um esforço consideravelmente superior a uma coima de 25000€ a um grupo económico.
Outro aspecto que não pode ser esquecido é a forma como a ASAE faz inspecções. Não tenho a certeza se é necessário o aparato policial da que utilizam. Mas tenho a certeza que não é necessária tanta arrogância.
Não dou o beneficio da dúvida à ASAE porque me lembro muito bem do que fizeram ao dono das discotecas e restaurantes K. Segundo a ASAE, o Senhor cometeu o crime de desobediência. Espero que seja punido segundo a Lei. O que não tem sentido nenhum é de ser detido à frente das câmaras. Um inspector da ASAE aparece na TV a sair de um jipe a entrar no estabelecimento e depois a sair com o detido. É vergonhoso! Quem protagoniza este momento devia explicar o que estava lá a fazer a TV e qual a necessidade desta forma mediática de actuação.

Estamos passar de um estado interventivo para um estado regulador esquisofrénico. Por um lado, a ASAE é hiperactiva e implcável. A Autoridade da Concorrência (AdC) tem tendência para empatar tudo onde toca. Temos ainda a ANACOM que, aparentemente, não resolve as queixas dos consumidores. E finalizo com a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que ainda ninguém percebeu para que serve a não ser para cobrar uma taxa anual.

18 dezembro 2007

Não lhes chamem isso...

Mesquita, Techugo, Pita, Xina, Careca, Casca, Nazi, Charro e Canina são nomes típicos de rufias. Nomes que geram medo e respeito.

Estou indignado ao estado que a que chegou o nosso banditismo. Alegadamente no Porto o alegado líder dos crimes que foram, alegadamente, consumados chama-se Bruno! Bruno, vejam só!
(O uso reiterado da palavra “alegado” provam do meu medo da advogada de defesa destes detidos que, para mostrar serviço, diz que a acusação de terrorismo é para o MP mostrar serviço. No Porto dispara-se sempre em todas as direcções...)

As diligentes advogadas devem estar a esta hora a dizer isso mesmo à juíza: “Sotora, com a devida Vénia, e reiterando o prazer que é trabalhar com a Sotora neste belíssimo Tribunal que a Sotora põe a funcionar nos trinques, devo dizer apenas uma coisa:
O meu constituinte chama-se Bruno o que prova a sua inocência de todos estes crimes por que vem indiciado, que nem sei mesmo se de facto ocorreram. Isso de ter muito chumbo no corpo até entendo que seja maçador porque arriscamo-nos a ouvir piadas do ex-ministro Carlos Borrego. Mas será que estas pessoas, que alegadamente morreram, não faziam hemodiálise num centro em que a máquina estivesse estragada?”

Mas dir-me-ão: Está tudo muito bem, mas havia um Berto Maluco!
E eu respondo: Valha-nos San João (que é um Santo muito chegado ao Porto), mas há um Nuno e um Fernando.

E se o seu nome é Bruno Miguel, ainda pior!
Imagino a mãe durante a sua adolescência: "Bruno Miguel, larga o pescoço desse rapaz!"
E mais tarde: "Bruno Miguel, já te disse que não quero Uzis ao pé das mercearias!"

Luta detida




Nas comemorações do 1º de Dezembro os Homens da Luta - Neto e Falâncio - foram novamente detidos. Parece que o Prefeito ia falar.

Os políticos de hoje estão pouco habituados a estas manifestações. Na Prefeitura António Costa recebe com naturalidade as críticas de qualquer membro da oposição, mesmo que sejam sobre o seu carácter, desde que proferidas de fato e gravata. Até aguenta uma manif organizada do PC. Agora isto? Como se reage a isto? Como se responde aos jornalistas sobre Homens da Luta de camisas com colarinhos bicudos, megafone na mão, de boina e, pior, com uma guitarra? (acho que é a guitarra que mais os baralha!) Ninguém sabe!

E os jornalistas? Suponho que fiquem irritados. Ficam irritados os juniores que vão terreno por não saberem lidar com isto. Ficam irritados os mais seniores da redacção por se meterem na sua tarefa de justiceiros sendo a “verdade” apresentada por outros. Finalmente, os directores e chefes de redacção ficam furiosos por não serem eles a marcar a actualidade e, sobretudo, por não terem qualquer controlo sobre a Luta (não podem fazer um telefonema nem mandar um recado).
No caso particular da TVI creio que isto perturba a sua estratégia de hemodialisar a sociedade para depois despejar os sacos de sangue na rua com a câmara ligada.
A TVI nunca conseguirá apanhar a Luta. Mas estes polícias sim.

Se repararmos daqueles 4 polícias 3 perceberam correctamente que a Luta não é fisicamente perigosa e que os respeita (e até se riram de algumas piadas). Mas aquele polícia que aparece na foto do lado esquerdo a segurar o Neto acho que não percebeu se era a Luta ou o banditismo que estava a agarrar.

13 dezembro 2007

Tratado de Lisboa

Algumas notas

Em primeiro lugar gostava que me dissessem quem é aquela jeitosa que acompanhou o presidente da Polónia.
Não posso deixar de reparar a ausência do PM Inglês para estar na Câmara do Comuns. Aqui está a importância que os ingleses dão à construção Europeia.
Para a CGTP apetece-me dizer: “Buuuuuuuu”.

10 dezembro 2007

Incompreensão

Mugabe disse que os europeus têm uma grande incompreensão em relação a África e ao Zimbabué. Custa-me muito admitir isto mas ele tem razão. Deve ser a única vez que estaremos de acordo.
Eu não compreendo nada de África, verifico o mesmo se passa com as pessoas com quem me relaciono e não me custa a crer que a esmagadora maioria dos Europeus também não entendem.
Eu não compreendo como é que num continente cheio de riquezas morrem 8 crianças por segundo, na sua maioria, por doenças que se conhece o tratamento ou a forma de prevenção.
Eu não compreendo a fome.
Eu não compreendo por que há tantos países com ditadores há longos anos no poder nem nunca consegui aceitar que alguns desses ditadores estejam nas listas dos homens mais ricos do mundo enquanto a maior parte da populações do seu país vive abaixo da miséria.
Eu não compreendo porque se mutilam pessoas por causa de diamantes.
Eu não compreendo que ainda haja escravatura nesse continente.
Eu não compreendo África.

Banditismo parvo

Não posso deixar de registar o meu desagrado pela forma como vejo o banditismo ser praticado nos últimos dias.
Dou dois exemplos. A morte do dono do mítico bar “O Avião” e o roubo (em rigor, foi um furto) de donativos para a festa de Natal dos sem-abrigo de Lisboa, organizada pela Comunidade Vida e Paz.
Dois exemplos do desnorte a que o banditismo chegou! Dois exemplos de parvoíce pura! Não pelas razões que levaram os bandidos a praticarem tais actos, não por terem prejudicado as vítimas nem sequer por o crime ser uma coisa, em si mesma, perniciosa para a sociedade. Tudo isto é verdade, sim senhor, mas estes actos são parvos porque condicionam a estratégia de comunicação que o banditismo tem seguido.
Mas podem dizer-me: “Ah, mas qualquer crime dá mau nome aos bandidos!”. É verdade, têm razão. Mas, a questão é que há limites!
Quando ouvi no domingo passado que tinham morto o dono do Avião estive longos minutos a explicar aos meus sogros (que estavam cá em casa) como o senhor era uma simpatia. Se não fossem aquelas luzes e as bailarinas brasileiras a passar com a mesma quantidade de roupa que se usa nas tribos da Amazónia quem olhasse para aquele senhor atrás da caixa registradora pensaria que estava numa retrosaria! (bom, dada a hora seria uma retrosaria de conveniência) É um disparate porque o público não gosta que se matem velhotes assim fofinhos. Que matem seguranças de discotecas e empresários que com bigode, como se faz no Porto! Isso sim, é um banditismo com sentido!
Tão disparatado quanto isso é roubar os alimentos para uma festa de Natal de sem-abrigo organizada por uma instituição de solidariedade social. Que vão roubar um banco! Até ouvi dizer no metro que há agora bancos que se roubam sem consequências (não sei se é verdade)! Mas roubar a quem já carrega a cruz de ser indigente? Isso é estúpido e as pessoas quando lêem essa notícia ficam realmente indignadas.
Quero assim deixar a sugestão aos bandidos para que contratem uma empresa de assessoria de comunicação. Há por aí umas muito boas, com menos trabalho uma vez que não haverá eleições tão cedo, que podem ajudar os bandidos a planear a sua estratégia de comunicação e dar conselhos sobre que tipo de actividades criminosas têm mais aceitação pela sociedade.
É claro que recorrendo a estas empresas vão irritar o Santana e arriscamo-nos a que ele escreva outro livro daqueles, mas acho que ponderado o custo/benefício todos estaremos dispostos a algum esforço de modo a evitar os despautérios que se sucedem nos últimos tempos.

04 dezembro 2007

Pano para mangas (direito de resposta da corda da roupa do lado ao abrigo do disposto no nº1 e 2 do artº 24 da Lei n.º 2/99 de 13 de Janeiro )

Ao contrário do que aqui veiculado eu não tenho nem tive cuecas de senhora cujo pano possa cobrir parte expressiva dos subúrbios de Lisboa.
Ainda há pouco tinha 2 cuecas de fio dental do lado direito e umas cuecas de igual tamanho todas em renda ao centro na 3ª corda.
Como se vê, tais afirmações são infundadas e atentatórias ao índice de sem vergonhice a que sempre habituei os vizinhos. A este propósito, posso garantir que os meus padrões são elevados e que espero melhorá-los ainda.

Corda da roupa do 6ºA

Querida não leias este! I

Às vezes dou por mim ao serão a desejar saber mais sobre Keynes. Isso parece bem para um chefe de família literado.
Contudo, o problema é que tenho a minha mulher ao meu lado mas tenho vontade de discutir esse assunto com uma bailarina russa.
Se ela descobre, mata-me. Dirá qualquer coisa do tipo:
- “Só porque ela é Doutorada e escreveu uma tese com o título «Crescimento económico através da procura agregada: mito ou realidade»? E eu? Não sou suficientemente boa para ti por ser apenas licenciada? Eu sei que o meu professor de economia da faculdade não sabia conjugar correctamente o verbo haver e dizia «hádes» mas era um craque da teoria Keynesiana!»
Bom. Isto é um excerto do que pode ser o ram-ram das relações após alguns anos e como uma mulher de leste se pode colocar no meio da relação por saber falar de Keynes. (sobre isto não fala o Abrupto!)