23 dezembro 2007

ASAE

O Senhor Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor diz (ou lamenta-se) em comunicado que “têm proliferado nos meios de comunicação social diversos artigos de opinião que visam denegrir e até ridicularizar a actividade da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE)”.

Eu acho que o grande esforço de ridicularização da ASAE tem sido exercido pelos próprios e pelas pessoas envolvidas nas acções. Recordo-me, por exemplo, da feira de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Sto António. Após uma das acções de fiscalização da ASAE o militar da GNR que apoiou a operação aparece todo sorridente na TV congratulando-se pelo enorme sucesso. Tinham confiscado muitos CDs e DVDs piratas, roupa com marcas falsificadas e outros produtos que não me recordo.
Isto seria normal se não fosse a GNR a responsável por cortar o transito todas as vésperas de feira e pelo seu patrulhamento durante os últimos 16 anos (pelo menos que me lembre). Pelo menos seria normal se nessa feira nunca se tivessem vendido, nos últimos 16 anos, CD e DVDs piratas bem como marcas de roupa falsificadas.
Há coisa tontas, não há?

Outro aspecto ridículo da ASAE é gritarem constantemente o argumento das “consequências para a saúde pública”. No programa Expresso da Meia Noite da SIC Notícias da semana passada o responsável da ASAE chegou mesmo a dizer que “podem morrer pessoas” e que já tinham morrido não sei quantas nos EUA.
Este responsável da ASAE está mesmo convicto que são necessárias todas estas acções, nos exactos moldes em que têm sido feitas, e que há mesmo consequências para a saúde das pessoas. Terá razão?
Eu gostava de saber se o responsável máximo da ASAE andou a comer toda a vida bolas de berlim na praia, azeite em galheteiro, carne de um talho com facas de cabo de madeira e a beber medronho caseiro. Se, de facto comeu, há aqui a hipótese de esse comportamento levar as pessoas a ficarem chatas e fundamentalistas. Mas, mesmo sem ver a o hemograma, os marcadores hepáticos e o resto da bioquímica do senhor, eu diria que aparenta estar bem de saúde.
Se nunca comeu nada disto que percegue eu propunha que de vez em quando fosse comer umas conquilhas não depuradas e um medronhosito caseiro sem rótulo ao Algarve que se sentirá mais tranquilo.

Colocam-se ainda mais algumas questões.
Começando pelo fim o comunicado do Senhor Secretário de Estado parece ter sido negociado entre o seu assessor jurídico e o seu assessor de imprensa e o resultado é mais asséptico que a cozinha de sonho da ASAE.
Apesar da exposição mediática do seu líder a ASAE não tem sabido explicar à opinião pública o mérito da sua actividade. Já repararam que este líder tem mais minutos de televisão e rádio que alguns ministros? Em política o que parece é, e parece muito desejo de protagonismo.
A correcta explicação destas acções são fundamentais uma vez que desafiam as tradições e, sobretudo, o bom senso.
Por outro lado, fazem uma aplicação cega da lei. Há uma grande diferença entre uma discoteca de um grande grupo económico que prevarica e a tasca da Tia Maria no meio da serra algarvia onde vende medronho caseiro e onde não há uma SADI. Uma coima de 500€ para a Tia Maria representa um esforço consideravelmente superior a uma coima de 25000€ a um grupo económico.
Outro aspecto que não pode ser esquecido é a forma como a ASAE faz inspecções. Não tenho a certeza se é necessário o aparato policial da que utilizam. Mas tenho a certeza que não é necessária tanta arrogância.
Não dou o beneficio da dúvida à ASAE porque me lembro muito bem do que fizeram ao dono das discotecas e restaurantes K. Segundo a ASAE, o Senhor cometeu o crime de desobediência. Espero que seja punido segundo a Lei. O que não tem sentido nenhum é de ser detido à frente das câmaras. Um inspector da ASAE aparece na TV a sair de um jipe a entrar no estabelecimento e depois a sair com o detido. É vergonhoso! Quem protagoniza este momento devia explicar o que estava lá a fazer a TV e qual a necessidade desta forma mediática de actuação.

Estamos passar de um estado interventivo para um estado regulador esquisofrénico. Por um lado, a ASAE é hiperactiva e implcável. A Autoridade da Concorrência (AdC) tem tendência para empatar tudo onde toca. Temos ainda a ANACOM que, aparentemente, não resolve as queixas dos consumidores. E finalizo com a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que ainda ninguém percebeu para que serve a não ser para cobrar uma taxa anual.

18 dezembro 2007

Não lhes chamem isso...

Mesquita, Techugo, Pita, Xina, Careca, Casca, Nazi, Charro e Canina são nomes típicos de rufias. Nomes que geram medo e respeito.

Estou indignado ao estado que a que chegou o nosso banditismo. Alegadamente no Porto o alegado líder dos crimes que foram, alegadamente, consumados chama-se Bruno! Bruno, vejam só!
(O uso reiterado da palavra “alegado” provam do meu medo da advogada de defesa destes detidos que, para mostrar serviço, diz que a acusação de terrorismo é para o MP mostrar serviço. No Porto dispara-se sempre em todas as direcções...)

As diligentes advogadas devem estar a esta hora a dizer isso mesmo à juíza: “Sotora, com a devida Vénia, e reiterando o prazer que é trabalhar com a Sotora neste belíssimo Tribunal que a Sotora põe a funcionar nos trinques, devo dizer apenas uma coisa:
O meu constituinte chama-se Bruno o que prova a sua inocência de todos estes crimes por que vem indiciado, que nem sei mesmo se de facto ocorreram. Isso de ter muito chumbo no corpo até entendo que seja maçador porque arriscamo-nos a ouvir piadas do ex-ministro Carlos Borrego. Mas será que estas pessoas, que alegadamente morreram, não faziam hemodiálise num centro em que a máquina estivesse estragada?”

Mas dir-me-ão: Está tudo muito bem, mas havia um Berto Maluco!
E eu respondo: Valha-nos San João (que é um Santo muito chegado ao Porto), mas há um Nuno e um Fernando.

E se o seu nome é Bruno Miguel, ainda pior!
Imagino a mãe durante a sua adolescência: "Bruno Miguel, larga o pescoço desse rapaz!"
E mais tarde: "Bruno Miguel, já te disse que não quero Uzis ao pé das mercearias!"

Luta detida




Nas comemorações do 1º de Dezembro os Homens da Luta - Neto e Falâncio - foram novamente detidos. Parece que o Prefeito ia falar.

Os políticos de hoje estão pouco habituados a estas manifestações. Na Prefeitura António Costa recebe com naturalidade as críticas de qualquer membro da oposição, mesmo que sejam sobre o seu carácter, desde que proferidas de fato e gravata. Até aguenta uma manif organizada do PC. Agora isto? Como se reage a isto? Como se responde aos jornalistas sobre Homens da Luta de camisas com colarinhos bicudos, megafone na mão, de boina e, pior, com uma guitarra? (acho que é a guitarra que mais os baralha!) Ninguém sabe!

E os jornalistas? Suponho que fiquem irritados. Ficam irritados os juniores que vão terreno por não saberem lidar com isto. Ficam irritados os mais seniores da redacção por se meterem na sua tarefa de justiceiros sendo a “verdade” apresentada por outros. Finalmente, os directores e chefes de redacção ficam furiosos por não serem eles a marcar a actualidade e, sobretudo, por não terem qualquer controlo sobre a Luta (não podem fazer um telefonema nem mandar um recado).
No caso particular da TVI creio que isto perturba a sua estratégia de hemodialisar a sociedade para depois despejar os sacos de sangue na rua com a câmara ligada.
A TVI nunca conseguirá apanhar a Luta. Mas estes polícias sim.

Se repararmos daqueles 4 polícias 3 perceberam correctamente que a Luta não é fisicamente perigosa e que os respeita (e até se riram de algumas piadas). Mas aquele polícia que aparece na foto do lado esquerdo a segurar o Neto acho que não percebeu se era a Luta ou o banditismo que estava a agarrar.

13 dezembro 2007

Tratado de Lisboa

Algumas notas

Em primeiro lugar gostava que me dissessem quem é aquela jeitosa que acompanhou o presidente da Polónia.
Não posso deixar de reparar a ausência do PM Inglês para estar na Câmara do Comuns. Aqui está a importância que os ingleses dão à construção Europeia.
Para a CGTP apetece-me dizer: “Buuuuuuuu”.

10 dezembro 2007

Incompreensão

Mugabe disse que os europeus têm uma grande incompreensão em relação a África e ao Zimbabué. Custa-me muito admitir isto mas ele tem razão. Deve ser a única vez que estaremos de acordo.
Eu não compreendo nada de África, verifico o mesmo se passa com as pessoas com quem me relaciono e não me custa a crer que a esmagadora maioria dos Europeus também não entendem.
Eu não compreendo como é que num continente cheio de riquezas morrem 8 crianças por segundo, na sua maioria, por doenças que se conhece o tratamento ou a forma de prevenção.
Eu não compreendo a fome.
Eu não compreendo por que há tantos países com ditadores há longos anos no poder nem nunca consegui aceitar que alguns desses ditadores estejam nas listas dos homens mais ricos do mundo enquanto a maior parte da populações do seu país vive abaixo da miséria.
Eu não compreendo porque se mutilam pessoas por causa de diamantes.
Eu não compreendo que ainda haja escravatura nesse continente.
Eu não compreendo África.

Banditismo parvo

Não posso deixar de registar o meu desagrado pela forma como vejo o banditismo ser praticado nos últimos dias.
Dou dois exemplos. A morte do dono do mítico bar “O Avião” e o roubo (em rigor, foi um furto) de donativos para a festa de Natal dos sem-abrigo de Lisboa, organizada pela Comunidade Vida e Paz.
Dois exemplos do desnorte a que o banditismo chegou! Dois exemplos de parvoíce pura! Não pelas razões que levaram os bandidos a praticarem tais actos, não por terem prejudicado as vítimas nem sequer por o crime ser uma coisa, em si mesma, perniciosa para a sociedade. Tudo isto é verdade, sim senhor, mas estes actos são parvos porque condicionam a estratégia de comunicação que o banditismo tem seguido.
Mas podem dizer-me: “Ah, mas qualquer crime dá mau nome aos bandidos!”. É verdade, têm razão. Mas, a questão é que há limites!
Quando ouvi no domingo passado que tinham morto o dono do Avião estive longos minutos a explicar aos meus sogros (que estavam cá em casa) como o senhor era uma simpatia. Se não fossem aquelas luzes e as bailarinas brasileiras a passar com a mesma quantidade de roupa que se usa nas tribos da Amazónia quem olhasse para aquele senhor atrás da caixa registradora pensaria que estava numa retrosaria! (bom, dada a hora seria uma retrosaria de conveniência) É um disparate porque o público não gosta que se matem velhotes assim fofinhos. Que matem seguranças de discotecas e empresários que com bigode, como se faz no Porto! Isso sim, é um banditismo com sentido!
Tão disparatado quanto isso é roubar os alimentos para uma festa de Natal de sem-abrigo organizada por uma instituição de solidariedade social. Que vão roubar um banco! Até ouvi dizer no metro que há agora bancos que se roubam sem consequências (não sei se é verdade)! Mas roubar a quem já carrega a cruz de ser indigente? Isso é estúpido e as pessoas quando lêem essa notícia ficam realmente indignadas.
Quero assim deixar a sugestão aos bandidos para que contratem uma empresa de assessoria de comunicação. Há por aí umas muito boas, com menos trabalho uma vez que não haverá eleições tão cedo, que podem ajudar os bandidos a planear a sua estratégia de comunicação e dar conselhos sobre que tipo de actividades criminosas têm mais aceitação pela sociedade.
É claro que recorrendo a estas empresas vão irritar o Santana e arriscamo-nos a que ele escreva outro livro daqueles, mas acho que ponderado o custo/benefício todos estaremos dispostos a algum esforço de modo a evitar os despautérios que se sucedem nos últimos tempos.

04 dezembro 2007

Pano para mangas (direito de resposta da corda da roupa do lado ao abrigo do disposto no nº1 e 2 do artº 24 da Lei n.º 2/99 de 13 de Janeiro )

Ao contrário do que aqui veiculado eu não tenho nem tive cuecas de senhora cujo pano possa cobrir parte expressiva dos subúrbios de Lisboa.
Ainda há pouco tinha 2 cuecas de fio dental do lado direito e umas cuecas de igual tamanho todas em renda ao centro na 3ª corda.
Como se vê, tais afirmações são infundadas e atentatórias ao índice de sem vergonhice a que sempre habituei os vizinhos. A este propósito, posso garantir que os meus padrões são elevados e que espero melhorá-los ainda.

Corda da roupa do 6ºA

Querida não leias este! I

Às vezes dou por mim ao serão a desejar saber mais sobre Keynes. Isso parece bem para um chefe de família literado.
Contudo, o problema é que tenho a minha mulher ao meu lado mas tenho vontade de discutir esse assunto com uma bailarina russa.
Se ela descobre, mata-me. Dirá qualquer coisa do tipo:
- “Só porque ela é Doutorada e escreveu uma tese com o título «Crescimento económico através da procura agregada: mito ou realidade»? E eu? Não sou suficientemente boa para ti por ser apenas licenciada? Eu sei que o meu professor de economia da faculdade não sabia conjugar correctamente o verbo haver e dizia «hádes» mas era um craque da teoria Keynesiana!»
Bom. Isto é um excerto do que pode ser o ram-ram das relações após alguns anos e como uma mulher de leste se pode colocar no meio da relação por saber falar de Keynes. (sobre isto não fala o Abrupto!)

17 novembro 2007

Pano para mangas

Acho que a malta reflete pouco.
Eu reflito muito. Mais do que ajo. Gosto mais de refletir do que agir. Ainda assim estendo e apanho a roupa. Quer dizer, para o caso de a minha mulher ler isto, apanho mais vezes do que estendo.
Outro dia estava a refletir sobre que frase devo mandar gravar no meu túmulo. E estava a fazê-lo enquanto apanhava a roupa. Se pode parecer uma boa rentabilização do tempo, dado ser um trabalho não intelectual e durante o qual não se usa a cabeça, é mais que isso. Na verdade tenho de me manter ocupado com pensamentos positivos uma vez que na maior parte dos casos o meu olhar recai sobre as cuecas da minha vizinha estendidas na sua corda.
Não é fácil desviar o olhar e o pensamento de uma quantidade de pano que daria para cobrir o Barreiro e uma parte do Seixal!
Assim sendo, após profunda e concentrada reflexão, estou inclinado para a seguinte frase:
"Então? Agora já acreditam que não ando lá muito contente?"

13 novembro 2007

Gajo chato!

Há dias o Secretário Geral da CGTP doutorou-se apresentado uma tese de 500 página e levando 4 horas para a defender.
Irra, que este homem da luta é chato (não da luta livre mas do wrestling de classes)! Já não bastava andar chatear os ministros e os empresários e ainda vem agora entediar os académicos!

25 outubro 2007

Lógica

Há muito, muito tempo era eu uma criança perguntei ao meu avô como é que se plantam (ou semeiam, coisa que para um Lisboeta é igual) batatas. Ele explicou-me que se cortam batatas em pedaços deitando-se à terra para germinar. Lembro-me que me explicou que se tinha de preparar a terra em carreiros de uma forma que não compreendi totalmente e que a película do tempo, transformada em catarata da memória, também não ajuda a lembrar. A terra é remexida e trocada de um carreiro para o anterior. A questão que coloquei era referente ao último carreiro. O que lhe acontece?

Esta questão e o problema de serem necessárias batatas para produzir batatas, coisa que não é menor e que leva a questionar se este ciclo tem uma divergência não nula, fez-me pensar que esta seria a lógica da batata.

Ora, toda a gente tem a lógica da batata assimilada o que me levou a esconder todos estes anos que não percebo a dita lógica.

O que não me tinha ainda apercebido é que há uma nova lógica da batata. Esta neológica é a lógica da batata trangénica. É aplica-se quando se tem uma batata quente nas mãos e visa evitar que haja batatada embora, invariavelmente, acaba tudo em batatada na mesma.

(É curioso que este tubérculo que matou a fome a tanta gente tenha uma derivação para salganhada – batatada – aliás tal como a castanha – castanhada. Pergunto-me se Cristovão Colombo alguma vez pensou nisto tudo quando trouxe para a velha Europa este alimento usado originalmente pelos Incas.)

A lógica da batata trangénica é aplicar todo o esforço a maximizar o número de batatas que cada pedaço pode produzir. Apenas, e só, isto. Não havendo mais premissas vale tudo. Parece simples e, de facto, é.

Não há, contudo, lugar a regozijo por compreendermos esta lógica uma vez é aplicada às organizações e às pessoas das organizações da mesma forma que é aplicada a cada plantação de batatas transgéncias.

Ajustam-se conceitos e forma-se uma nova ordem. Todos os valores que não se exprimem no excel juntam-se à espuma dos dias e desaparecem. Cria-se uma nova justiça baseada na criação de valor para o accionista. Cria-se uma nova linguagem – o excelês. Só se fala nesta língua sendo tudo o resto ruído e criando-se mecanismos automáticos de sensura.

É duro não perceber a lógica da batata e perceber a lógica da batata trangénica. Conto desenvolver cataratas na razão para ser mais feliz.

14 outubro 2007

Durão

Durão Barroso disse que «Fui ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro no meu país e muito frequentemente temos de nos sentar em reuniões internacionais na companhia de pessoas com as quais a minha mãe não gostaria de me ver».
Aliás, a Senhora anda numa angústia permanente desde o tempo do MRPP.

28 setembro 2007

Espalha brasas

Li hoje que este verão apresentou a menor área ardida desde 1980.
Naturalmente, que a malta do PS dirá: “Estão a ver? Estão a ver!? Isto é que é uma governação catita!”
Outros dirão que foi do tempo.

Eu diria que se devia estudar se há alguma causa-efeito pelo facto de pela primeira vez desde o 25 de Abril que há um verão em que a espalha brasas da Odete Santos não está no parlamento.

PPD-PSD

Seria ou não o PPD-PSD um partido mais enfadonho se não houvesse o Santana Lopes? Que outra figura do PPD-PSD, no dia da votação para líder, poderia ter este protagonismo com um assunto que não o da votação para líder? E aquela piscadela de olho com o “Mas obrigado pelo seu convite!”? Como quem diz: "A que horas é que a menina sai? Podíamos ir ali beber um chá verde que eu já estou despachado!"

21 setembro 2007

Dress Code

Estive a ver um pouco da entrevista do ministro das finanças com a Judite de Sousa.
Mais uma vez fiquei com a impressão de que há qualquer coisa de errado com os pés e os sapatos da Judite. Talvez seja só a escolha desajustada dos sapatos. Há ali qualquer coisa.

Por outro lado no caso da Dra. Maria José Morgado sei perfeitamente o que está mal. Suporta-se numas plataformas em vez de sapatos, usa uma maquilhagem errada e tem um penteado tipo “cabeção”. É incrível que no âmbito da reforma da justiça ninguém discuta este problema. Esta lamentável estética capilar dos magistrados do ministério público está a fazer doutrina e até o Presidente da República insiste neste silêncio.

Esta conduta vai levar à descredibiliazação da justiça e junta-se à da polícia judiciária. Aquilo é gente capaz usar umas peúgas lilases com de com umas calças verdes. Já para não falar nos blusões de cabedal gastos e com aspecto “Mad" Murdock (do A-Team).

Estaremos mal enquanto o ministro não criar dotação orçamental para assessoria de imagem para magistrados e polícia judiciária.

20 setembro 2007

Loby

Reparo que por todo o lado as pessoas tomam partido de a, b ou c no caso na miúda inglesa desaparecida. No café por baixo do meu estáminé estão todos do lado da mãe da criança. No próprio do estáminé o sopeirismo é a favor da polícia. Vejo, também, que há quem esteja com Deus e reze muito.

Eu sou não sou a favor de ninguém mas estou contra o delegado de informação médica. É que esta senhora era uma prescritora convicta de Benzodiazepina que neste caso é óbvio que não funcionou!
Mas o loby da industria farmacêutica ninguém afronta.
É preciso ter coragem e pôr o dedo na ferida. A industria farmacêutica e o papa é que estão por de trás de tudo isto!

19 setembro 2007

O problema disto é isto mesmo!

Às vezes sinto que a minha depressão está muito nervosa. Às vezes está só inquieta mas no geral está nervosa. Já houve ocasiões em que se encontra farta e, bem vistas as coisas, o nervoso tem sempre um tonzinho de enfadado. Tipo “Estou para aqui inquieto e ansioso cara-a-cara com a incerteza mas na verdade a incerteza é a minha imagem no espelho do futuro e por isso já estou é farto por antecipação porque a coisa assim não estimulante”.
Felizmente a gaja está lá no canto dela e não chateia porque não lhe ligo nenhuma (excepto às 2ª entre as 19h30 e as 20h30, mais coisa menos coisa).
Se calhar estou para aqui a complicar. Se calhar a minha alma está só parva.

28 agosto 2007

Estão preparados para a mudança?

Às vezes reparamos que não fazemos o que apregoamos. É como se a nossa boca fosse de outra pessoa que estivesse bem longe de nós e que, por isso, não a ouvimos.
O que me perturba no momento é a mudança. Há uns tempos eu perguntava insistentemente aos meus colaboradores: “Estão preparados para a mudança?” Na verdade acho que eles estão tão preparados para a mudança como qualquer outra pessoa. Pudemos alterar a decoração, o sítio das coisas ou os procedimentos, mas a grande questão não é essa. De facto, estamos ou não, preparados para mudar os paradigmas? Aí acho que não! Nesse ponto há poucos preparados. E eu, também, não estou na maior parte do tempo. Por muitas vezes que pergunte “estão preparados para a mudança?” e que lhes empreste o best seller “Quem moveu o meu queijo?” parece que a boca está longe porque na verdade oiço mas não sinto.

28 julho 2007

Biblios

Ontem vi o Dr. Jaime Nogueira Pinto a falar do seu último livro – Salazar – Outro retracto da editora Esfera dos Livros.

Parece que escreve sempre à mão usando uma Montblanc e papel de 35 linhas. Descobri isso no site da Camara Municipal de Obidos.

Creio que há uma normativa qualquer que obriga que se escreva sobre a Salazar em papel de 35 linhas usando um aparo dourado. Confere um certo charme e é perfeitamente adequado aos ditadores do Século XX. Não quero com isto que se pense que sou montblancfóbico! Vejo este pormenor da mesma forma que reparo nas sandálias de couro que a malta de esquerda (sim, esses são uma malta) exibe nas inaugurações da Gulbenkian.

Queria deixar dito algo sobre a entrevista de ontem mas primeiro tenho de deixar registada a passagem onde diz – “Como todos os chefes de família literatos ocupo uma boa parte da casa com livros”.

Pois, então, este chefe de família literado escreve um livro porque acha que já é tempo de Salazar como uma figura histórica. Isso significa que temos de levar em conta as coisas fantásticas que Salazar fez pelo país e relativisar os aspectos negativos da sua governação.
Falta dizer que, mesmo no seu tempo, colocar a pátria e ordem à frente da liberdade era anacrónico. Talvez no tempo do Sebastião José Carvalho e Melo possamos relativisar a sua actuação. Com Salazar não.

25 julho 2007

Posto de escuta

Tirando os auscultadores, Nero espreguiça-se. Levanta-se e dirige-se à cozinha. Espreita pela janela altaneira e fica a ver o mundo lá fora. Aborre-se e volta para o posto de escuta.

Silly season III

Ouvi ontem o presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas – APFN. Acho curiosa a esta ideia das famílias numerosas.
Mas giro, giro foi o argumento que o seu presidente apresentou para que os casais tenham mais filhos: quanto mais filhos o casal tiver mais gente há para tratar dos pais quando estes forem velhinhos.
Acho este argumento muito revelador.

Silly season II

Outro dia vi a Inês Serra Lopes na televisão. Não me lembro do que disse, mas pareceu-me mais gorda.
O Mário Bettencourt Resendes é que está muito bem.

23 julho 2007

Silly season

Há no ar indícios que chegou a silly season. O processo de reflexão em curso (PREC) protagonizado por Paulo Portas é exemplo disso. Não só o faz num Verão que não é quente como o termina com uma brilhante conclusão: não pode haver violação do segredo de justiça!

Tem piada porque me lembro do Paulo Portas dos finais dos anos 80 princípios dos anos 90...

15 julho 2007

Periodontite

A periodontite é uma patologia oral que se traduz na destruição do osso que suporta os dentes e a consequente retracção das gengivas. Esta destruição óssea resulta da acumulação de bactérias no sulco entre o dente e a gengiva. O processo degenerativo é lento mas implacavelmente gradual provando a mobilidade do dente e, no limite, a sua perda por falta de suporte.
Há em Portugal um conjunto muito expressivo de pessoas com esta doença.

Para evitar e prevenir esta doença das gengivas há que efectuar uma boa higiene oral (lavar os dentes 3 vezes ao dia, uso de fio dentário e elixir) com uma correcta técnica de escovagem e a visita ao dentista de 6 em 6 meses para avaliação e destartarização se necessário.

O tratamento é a destartarização dos dentes acima e abaixo do linha das gengivas com a periodicidade definida por um médico dentista especialista em periodontologia.

A doença periodontal é a patologia muito dada a metáforas políticas. Acho que é perfeita para uma noite eleitoral de autárquicas.

Deixo uma última nota. Nos casos de periodontites avançadas em que o paciente não faz uma destartarizão há muitos anos é frequente que após a remoção do tártaro entre os dentes, antes sem mobilidade, os mesmos muita mobilidade. Ou seja, o tártaro suportava os dentes.
É curioso que para proteger a gengiva e o osso os dentes fiquem aparentemente pirores.

PSD

Líder pequeno ou pequeno líder. Hum..., cheira-me que acumula...

Abstenção

Foi o maior voto de protesto!

Eleições intercalares

Vou adiantar-me ao José Pacheco Pereira (JPP) porque isto da blogosfera é um meio muito competitivo. Acresce que um blog só é blog se tiver um rival! E eu não me furto a uma boa briga (a não ser o adversário seja maior do que eu, situação que evito).

Vamos lá à matéria substantiva: análise dos resultados das eleições (acabo de confirmar no Abrupto que ainda vou à frente).
Desta eleição fica claro que o que importa para o eleitorado são as pessoas. Mas isto não quer dizer que os movimentos independentes de cidadãos valham mais do que os partidos. O que recordo é que os partidos são constituídos por pessoas e que é em função das pessoas desse partido que os eleitores votam.
Mas há que verificar, ainda, outro aspecto que é esquecido ou escondido: os movimentos de cidadãos com os de Helena Roseta ou de Carmona Rodrigues são partidos não formais uma vez que as pessoas que os integram se comportarem da mesma forma que se comportariam num partido.
Estes movimentos, embora menos organizados que um partido, têm os mesmos tiques dos partidos e recorrem aos mesmos meios, até porque, se assim não fosse, não chegariam sequer a ser conhecidos ou reconhecidos.
Enquanto estudante pertenci ao associativismo estudantil. Orgulhava-me de não pertencer a qualquer partido e apregoava a minha independência (tal como todos os meus colegas). Contudo, rapidamente me apercebi que pertencia a um partido não formal.

Creio que não se pode falar de fragmentação do eleitorado partidário pode-se sim falar da maturidade da nossa democracia que está a originar uma geometria partidária dinâmica através destes partidos informais. Informais mas que ficam há frente de muitos partidos!

(Ganhei, o JPP ainda não comentou os resultados)

22 maio 2007

100 anos

A 22 de Maio de 1907 nasceu Francisca Perdigão em Aljustrel. Cresceu no seio do ambiente da mina da terra e estudou até à 4ª classe. Com cerca de 20 anos foi viver para Torres Vedas onde um irmão tinha uma farmácia. Aí conheceu o seu futuro marido.

Nasceu no tempo da monarquia mas viveu no tempo da 1º república, do estado novo, do PREC e da democracia consolidada. Sofreu quando a PIDE lhe prendeu o marido que pensava e sonhava. Chorou quando o seu neto integrou a direcção de uma associação dos estudantes, recordando os tempos em que era proibido pensar.

Viveu com a generosidade de quem vive para a família e foi a fiel depositária da sua memória. Num certo sentido assumiu os lugares deixados vagos pela Tia Ramalha e pela Tia Carolina que eram as portadoras das histórias e identidade daquele ramo da família.

A minha avó foi a mulher mais doce que conheci e a minha melhor amiga. Hoje faria 100 anos.

24 abril 2007

Cá de cima

Este fim-de-semana fui a uma festa de anos tripla. Um dos aniversariantes era o meu irmão. São todos amigos com círculos de amigos distintos.

A festa foi na casa de um dos aniversariantes perto das Caldas. Foi muito divertida, teve uma banda de jazz cujo pianista era o aniversariante anfitrião e tiraram-se muitas fotografias. Contudo, o que a caracterizou foi a heterogeneidade das pessoas que compunham a festa.

Havia betos, punks, esquerda caviar, intelectuais de esquerda, juízes (creio oportuna a abertura de categoria específica para a magistratura judicial), músicos, engenheiros e licenciados em engenharia (e um bacharel também).

Ontem, o meu irmão falava de uma miúda mais jovem que estava na festa e que pertencia, há pouco tempo, ao círculo de amigos do aniversariante residente. Interpelado pelo meu irmão o referido aniversariante disse ser uma amiga recente de um grupo de in-liners a que se juntou.

Só o facto de ter sido feita a pergunta já qualifica uma certa discriminação. Mas reparem no que diz o aniversariante anfitrião: “Está noutro registo!”.

O que se passa aqui é há um grupo mais intelectual e sofisticado que se considera num registo determinado registo. Este grupo considera que há um segundo grupo de bons vivans e boémios que se encontra num registo abaixo. E no registo mais baixo de todos encontra-se a tal moça.

Por seu lado, o grupo de bons vivans e boémios considera que se encontra no registo superior seguido do grupo intelectual e no final está a miúda.

Já a miúda considera estar num registo superior, seguido pelos outros dois grupos em posição indiferente e por último fica o punk.

É giro ver esta gente toda em registos abaixo do meu a cometer tantos erros de avaliação!

15 abril 2007

Bom nome

Pedia a todos que não divulgassem a notícia do acórdão do STJ que decidiu que um facto verdadeiro não pode ser divulgado se afectar o bom nome de alguém.
Face ao exposto, de modo a evitar problemas futuros devemo-nos calar não vá algum juiz considerar que o seu bom nome fica afectado por este acórdão (que é verdadeiro).

06 abril 2007

Cartaz dos Gato Fedorento

Os Gato Fedorento colocaram um cartaz muito oportuno no Marquês ao lado do cartaz do PNR.
Apareceram logo pessoas a fazerem apologia do humorista neutro politicamente.
Do meu ponto de vista humoristas e figuras públicas têm direito de opção de manifestarem publicamente as suas opiniões. Há figuras públicas que o fazem e outras que não. Há ainda outras que não têm opinião por não terem consciência política nem social.
As figuras públicas que exercem esse direito de exprimir as suas posições face aos temas sociais e políticos fracturantes ou não (e convenhamos, que a questão da imigração não um tema fracturante até porque os portugueses sempre foram emigrantes) sabem que correm o risco de encontrar pessoas que não gostam de as ouvir.
Creio que o verdadeiro problema é o de haver muitos portugueses que consideram que a cidadania se esgota no transportar do BI. Há jovens que aos vinte e poucos ainda não tiraram o cartão de eleitor. Há portugueses que acham de o patriotismo é gritar, buzinar e agitar a bandeira no Marques e no Rossio quando Portugal ganha uma jogo de futebol.
Ser cidadão Português é ter opinião sobre a nossa sociedade. Para isso é necessário saber o que se passa à nossa volta. A alienação que se vive com o futebol e as telenovelas é que permite que se escrevam alarvidades no Marquês. E o pior são as alarvidades que se cimentam nas cabeças das pessoas, porque as do Marquês o Proa manda-as limpar.
É neste vácuo de ideias que se recrutam jovens sem consciência política para as fileiras do chamado nacionalismo e se lhes rapam as cabeças, sobretudo por dentro, e lhes ensinam a bater o tacão com o braço esticado.

03 março 2007

Should I Stay Or Should I Go

Darling you gotta let me know
Should I stay or should I go?
If you say that you are mine
Ill be here til the end of time
So you got to let know
Should I stay or should I go?

Always tease tease tease
Siempre - coqetiando y enganyando
Youre happy when Im on my knees
Me arrodilla y estas feliz
One day is fine, next is black
Un dias bien el otro negro
So if you want me off your back
Al rededar en tu espalda
Well come on and let me know
Me tienes que desir
Should I stay or should I go?
Me debo ir o que darme
Should I stay or should I go now?
Should I stay or should I go now?
If I go there will be trouble
An if I stay it will be double
So come on and let me know

This indecisions bugging me
Esta undecision me molesta
If you dont want me, set me free
Si no me quieres, librame
Exactly whom Im supposed to be
Diga me que tengo ser
Dont you know which clothes even fit me?
saves que robas me querda?
Come on and let me know
Me tienes que desir
Should I cool it or should I blow?
me debo ir o quedarme?

Should I stay or should I go now?
yo me frio o lo sophlo?
If I go there will be trouble
Si me voi - va ver peligro
And if I stay it will be double
Si me quedo es doble
So you gotta let me know
Me tienes que decir
Should I stay or should I go?
yo me frio o lo sophlo?

Passado

O nosso passado é um património individual e colectivo que importa preservar por ser parte do que é cada indivíduo e por permitir a nossa evolução civilizacional.
Somos a nossa memória e a memória colectiva faz de nós o que deixarmos que ela faça. É tão grave a mistificação como o branqueamento da história.
Neste momento há um grupo de gente em Santa Comba a branquear o passado, talvez dizendo que o que existia no tempo do Salazar no Tarrafal era a um típica casa do povo e, eventualmente, gente a mistificar exagerando os inúmeros aspectos negativos do estado novo.
É difícil descobrir o melhor ponto e os melhores olhos para ver o nosso passado mas não é impossível se eliminados todos os pré-conceitos. A lucidez é assim uma faculdade que resulta de cabeças limpas de filtros.

02 fevereiro 2007

Agradecimento

Agradeço ao Prof João César das Neves o trabalho, ainda que involuntário, que está a fazer pelo SIM.

«Nós somos contra a lei de 84.»; «Uma mulher violada não deve ser obrigada a educar aquele filho. Mas matar aquela criança só porque a sua origem não é a desejada não é uma coisa aceitável. A adopção é a solução razoável.»; «Eu nunca ouvi ninguém dizer “nós somos a favor desta lei”»; «Esta atitude laxista relativamente ao aborto vai dar uma volta. Nós daqui a uns tempos vamos discutir de novo a lei de 84»; «Quem usa preservativo é um debuchado». Prof. João César das Neves, mandatário do Movimento Diz que Não, TSF, 31 de Janeiro