06 dezembro 2009

Vasco Graça Moura e a merda

Hoje está um dia de merda. É domingo, está de chuva, o George O’Malley da Anatomia de Grey morreu, estou de pijama e a roupa lavada não seca.
Assim sendo, é o dia perfeito para tratar de assuntos como a crónica do Vasco Graça Moura dado ser merda que se trata (a crónica, não o Vasco).
A diferença entre a esquerda e a direita, do ponto de vista da forma, é esta mesma: eu sou de esquerda e digo merda, os de direita dizem porcaria.

Ora, visto que sou português, o Camarada Vasco acha que eu gosto de merda e que me devo besuntar com ela, tendo-me posto a jeito primeiro. Pode ser um fetiche legitimo, sugerir e imagina-me besuntado de merda mas, oh Vasco, eu não alinho nesses seus chavascais.

É curioso, contudo, que consigo imaginar qualquer pessoa da esquerda mais radical a escrever, no mesmo estilo, este artigo de opinião (se calhar exagerei no início; creio que chamar crónica àquilo é excessivo). Duvido, contudo que insultasse o “povo” no qual me incluo.

Deve ser coisa de intelectuais. É melhor não lhe ligar muito. Ainda por cima, trata-se da mesma pessoa que disse há uns anos que Cavaco Silva foi um Capitão de Abril.

16 outubro 2009

Anúncio do Pingo Doce



Eu não entendo a estratégia do Jerónimo Martins há muitos anos.
Começaram a perder dinheiro a rodos nos anos 90 na Polónia e justificavam-se com falhas de report do SAP! Contudo, em Portugal, o Pingo Doce mantinha a estratégia afinada: target C1/B, boa comunicação (no sítio do costume) e aquela ferramenta fantástica e pioneira em Portugal de data mining que foi o cartão dominó (já mais para o final dos anos 90, creio). Mas, estranhamente, não souberam segurar a equipa e, durante os anos 90, foi uma sangria de bons quadros.
Andaram à deriva uns anos e depois mudaram tudo: compraram o Plus e baixaram o target para C2/D (algumas lojas parecem o Lidl), redefiniram a comunicação e passaram a dizer mal dos cartões de cliente (que foram eles que inventaram em Portugal!) e agora fazem esta coisa esquizofrénica que é colocarem um tipo que eu nem identifico a nacionalidade com uma bandeira Portuguesa por trás.
O claim do anúncio “preço baixo e qualidade” ou “preço baixo o ano inteiro” tem sentido. A música não é uma obra de arte mas acho que se adequa ao target actual do Pingo Doce. O que me irrita é a ideia peregrina de garantir “o nosso amor por Portugal”. Aceitava melhor que a industria farmacêutica declarasse o seu amor pelo nosso país que o sector da distribuição.
Estamos a falar de gente que não compra produtos aos nossos agricultores, ou que lhes compra por um preço a que alguns preferem nem vender. O sector da distribuição tem um poder tal que tem as pequenas empresas portuguesas nas suas mãos. Custa-me, assim, ouvir falar de amor por Portugal.

Naturalmente que a punch line do anúncio, que nem é no final como uma punch line deve ser, é aquele senhor com os suspensórios do Lary King, óculos de John Lennon e com o chapéu que o Michael Landon usava na série Bonanza ao som de guitarras portuguesas e com a bandeira de Portugal por trás.

02 outubro 2009

Filhas de Zapatero



As filhas de Zapatero, de 14 e 16 anos, desde os 10 que pediam ao pai que as levasse a conhecer Guantánamo onde queriam assistir a um interrogatório que envolvesse berbequins ou agrafadores.
O pai, protector das suas pequenas, sempre as proibiu de duas coisas: ir a Guantánamo e de ver os serviços noticiosos da TVI. Acontece que há umas semanas as miúdas andaram na net a ver vídeos da Manuela Moura Guedes. Zapatero, que até tolera sacrifícios de galinhas no Palácio de Moncloa desde que sejam na cave, perdeu a paciência e castigou-as: levou as suas filhas góticas à Casa Branca.

13 maio 2009

Cuecas

Não fui ao Sensation porque só tenho boxers com cores fortes e vêem-se com calças brancas.

Desconheço o tipo de simulacro internacional realizado nos últimos dias.
Temendo que fosse o simulacro do fim do mundo em cuecas e não tendo as ditas em amarelo com reflatores, não fui.

03 março 2009

Preconceitos para o c*******!

Na estátua do Camões há uma inscrição que diz “Preconceitos para o 'palavrão que seria incapaz de escrever'”.
Há aqui um equívoco. Normalmente os preconceitos vão para a missa ou para o Caldas. Os mais farfalhudos vão para a esquadra de Braga.

Corte

Dada a minha actual densidade capilar, quando chega o momento de cortar o cabelo há uma tensão em o "já" e o "ainda não".

02 março 2009

Urgente, importante e acessório

O Presidente da República acaba de vetar a lei sobre a pluralidade nos meios de comunicação por não a considerar urgente.
Este homem é um Líder! E como os verdadeiros líderes sabe distinguir o urgente, o acessório e o importante. E a escolha está feita: só passa o urgente!
Eu se fosse a Sócrates passava a enviar os diplomas para Belém por estafeta, a ver se pega…

27 fevereiro 2009

Almoço

O bife do almoço soube-me melhor do que é habitual. Deve ser da quaresma!

Nuas

É uma lástima o que está a acontecer em Torres Vedras no Carnaval. O ministério público quis imprimir algum mistério púbico mas o tribunal não deixou. Estou desolado.
Naturalmente que ninguém quer ver mulheres nuas se tal for permitido. Se o dito acto não tiver censura moral (ou outra censura qualquer) perde o grosso do interesse. Se a minha mulher me deixasse comer leite condensado às colheres na sala enquanto vemos o Pós e Contras não duvido que tal iguaria soubesse a amargo. Felizmente não permite, pelo que vou às escondidas à cozinha, sem luz, descalço atacar a bisnaga de leite condensado no frigorifico. A sua lâmpada no interior cria na cozinha um ambiente deliciosamente cúmplice.
O mesmo se passa com mulheres nuas. Não é coisa de deva ser franqueada, por Vénus! Tem de existir um ambiente de sedução – dissimulado e transgressor. A existência de uma luminosidade vermelha ajuda (o Salazar comprou um candeeiro bem catita que envolvia os seus momentos de loucura).
É por esta razão que as mulheres (e também algumas Senhoras) não se despem em qualquer lado nem à frente de qualquer um (excepto a Linda Reis, mas eu vou restringir o objecto da minha reflexão a seres com córtex desenvolvido). Fora de um contexto adequado à intimidade do acto, a nudez fica ela própria despida de sentido e interesse.
Claro que nem tudo na vida é a preto e branco. Há zonas cinzentas onde, por exemplo, estão os filmes da Soraia Chaves. Este é um caso complexo e estimulante que teve origem no desafio pessoal de um guionista que quer ver a actriz nua mas rejeita o caminho fácil da busca na net. Deste modo, empenha-se em criar um guião que lhe assente que nem uma luva e vende-o a uma produtora. Tem mérito e o meu respeito.
Acontece que, assim, o posso ir ver com a minha mulher. Esta é a questão. Há apenas duas formas de a encarar: ou vamos os dois ver o filme pelas cenas da Soraia – o que elimina o proibido de ver a Soraia nua perdendo toda a gaça – ou adopto uma postura esquizofrénica – fico doido com a beleza, sensualidade e sedução da actriz mas, num tom muito sereno, vou dizendo “Fantástica, a forma como o realizador coloca a luz!” ou “Repara que grande actriz. Como sobressai mesmo num contre-plongée.”
Claro que podíamos ver o filme, deixarmo-nos levar pela sensualidade e inspirarmo-nos para o amor pleno – emocional e físico – mas ninguém acredita que um casamento seja uma relação saudável.
Voltando à questão do Carnaval, foi uma oportunidade perdida. A proibição reporia a decência pública que contrastaria com a sem vergonhice privada. Não proibir este despautério em público esvazia-o de interesse. Esta realidade é demonstrada no The meaning of live dos Monty Python. Numa aula de educação sexual cujo tema do dia era “Cópula” o professor não consegue a atenção da turma enquanto a exemplifica com a sua mulher. Obvio! Sendo matéria de exame, naturalmente, que é enfadonha!
Ainda tenho esperança que o Eduardo Nogueira Pinto, ou o seu pai, venha colocar uma providência cautelar contra o nu no Carnaval. De certeza que irá encontrar algum argumento jurídico e muitos argumentos morais. Desde já autorizo a cópia destes argumentos.


Nota: Querida, quando leres isto não fiques aborrecida. Isto pretende ser uma crónica e neste formato, de forma diletante, o autor pode desenvolver uma tese que não é a sua e que não acredita. A verdade é que isto é uma critica à família Nogueira Pinto. Além disso, queria ter a oportunidade de escrever a palavra “diletante”. (também queria escrever a palavra “bidé” e “ortopantomgrafia” mas não consegui)

25 fevereiro 2009

24 fevereiro 2009

YOP Natural

Nasci há 12 dias numa fabrica nos arredores de Lisboa. O maravilhoso mundo dos lacticínios criou-me numa das suas versões mais básicas. Sou líquido, é certo, mas não suficientemente sofisticado. Pelo menos sou um pouco mais espesso que um caprissone.
Gostava de ter sido um Actimel ou ter o glamur de um Corpos Danone ou ter o respeito de um Danacol. Odeio ser um iogurte natural. Queria ter algum sabor. Odeio a minha embalagem.
Com outra embalagem teria sido colocado numa prateleira melhor. Toda a gente olharia para as minhas curvas e me respeitariam. Seria mais caro. Teria um target num segmento mais alto. Seria levado para um frigorífico moderno colocado ao lado de um chèvre ou um tokaji.
O consumidor tem uma atitude displicente em relação ao meu prazo. Desde a primeira fermentação que tenho medo de ir para o lixo por passar o prazo. E ainda que seja consumido, serei bebido até ao fim? Serei deixado a meio com a tampa aberta?
Deus queira que a minha embalagem seja reciclada em vez de ir parar ao lixo e ser catado por um tipo com uma boina.

23 fevereiro 2009

Aforismos múltiplos

A pulseira electrónica condiciona muita a vida duma pessoa especialmente quando se acaba o açúcar em casa.

Se, na floresta, um lobo nos diz que odeia o que fizemos ao cabelo e não nos come não é mau: é frontal.

A pornografia não é tão atraente como parece se for vista de manhã cedo ao acordar ou se nos lembrarmos a meio da Odete Santos.

Afinal, a capacidade se manter em silencio de Manuela Ferreira Leite é uma característica admirável.

Ao contrário do que se pensa os lenços de papel não foram inventados pela produção do Só Visto.

Todo o burro come palha é preciso é saber-lha dar.

07 fevereiro 2009

Encher chouriças

E se for desafiado a escrever um texto com as palavras rugby, luva, janela, Mantorras e chouriça? O que faria?



Manuel Monteiro justificou a sua demissão de líder do PND com o facto de a sua estratégia ser ter provado inadequada. Lamentou, igualmente, que o partido não lhe tenha acrescentado nada.
Tal afirmação não me parece correcta. Em rigor, Manuel Monteiro ganhou pelo menos 10kg. Daquele ar escanzelado do tempo do PP passou a ostentar um ar muito rechonchudo.
Parece que este partido foi criado por receita médica. O seu médico, o mesmo do Mantorras, mandou-o engordar. E este novo partido foi a janela de oportunidade para o tratamento.
Talvez andar de feira em feira a comer chouriças oferecidas tenha ajudado. A expressão “andar à mama” assenta-lhe, assim, que nem uma luva. Não conseguiu obter um pescoço de jogador de rugby mas tem uma bela papada!