24 abril 2007

Cá de cima

Este fim-de-semana fui a uma festa de anos tripla. Um dos aniversariantes era o meu irmão. São todos amigos com círculos de amigos distintos.

A festa foi na casa de um dos aniversariantes perto das Caldas. Foi muito divertida, teve uma banda de jazz cujo pianista era o aniversariante anfitrião e tiraram-se muitas fotografias. Contudo, o que a caracterizou foi a heterogeneidade das pessoas que compunham a festa.

Havia betos, punks, esquerda caviar, intelectuais de esquerda, juízes (creio oportuna a abertura de categoria específica para a magistratura judicial), músicos, engenheiros e licenciados em engenharia (e um bacharel também).

Ontem, o meu irmão falava de uma miúda mais jovem que estava na festa e que pertencia, há pouco tempo, ao círculo de amigos do aniversariante residente. Interpelado pelo meu irmão o referido aniversariante disse ser uma amiga recente de um grupo de in-liners a que se juntou.

Só o facto de ter sido feita a pergunta já qualifica uma certa discriminação. Mas reparem no que diz o aniversariante anfitrião: “Está noutro registo!”.

O que se passa aqui é há um grupo mais intelectual e sofisticado que se considera num registo determinado registo. Este grupo considera que há um segundo grupo de bons vivans e boémios que se encontra num registo abaixo. E no registo mais baixo de todos encontra-se a tal moça.

Por seu lado, o grupo de bons vivans e boémios considera que se encontra no registo superior seguido do grupo intelectual e no final está a miúda.

Já a miúda considera estar num registo superior, seguido pelos outros dois grupos em posição indiferente e por último fica o punk.

É giro ver esta gente toda em registos abaixo do meu a cometer tantos erros de avaliação!

15 abril 2007

Bom nome

Pedia a todos que não divulgassem a notícia do acórdão do STJ que decidiu que um facto verdadeiro não pode ser divulgado se afectar o bom nome de alguém.
Face ao exposto, de modo a evitar problemas futuros devemo-nos calar não vá algum juiz considerar que o seu bom nome fica afectado por este acórdão (que é verdadeiro).

06 abril 2007

Cartaz dos Gato Fedorento

Os Gato Fedorento colocaram um cartaz muito oportuno no Marquês ao lado do cartaz do PNR.
Apareceram logo pessoas a fazerem apologia do humorista neutro politicamente.
Do meu ponto de vista humoristas e figuras públicas têm direito de opção de manifestarem publicamente as suas opiniões. Há figuras públicas que o fazem e outras que não. Há ainda outras que não têm opinião por não terem consciência política nem social.
As figuras públicas que exercem esse direito de exprimir as suas posições face aos temas sociais e políticos fracturantes ou não (e convenhamos, que a questão da imigração não um tema fracturante até porque os portugueses sempre foram emigrantes) sabem que correm o risco de encontrar pessoas que não gostam de as ouvir.
Creio que o verdadeiro problema é o de haver muitos portugueses que consideram que a cidadania se esgota no transportar do BI. Há jovens que aos vinte e poucos ainda não tiraram o cartão de eleitor. Há portugueses que acham de o patriotismo é gritar, buzinar e agitar a bandeira no Marques e no Rossio quando Portugal ganha uma jogo de futebol.
Ser cidadão Português é ter opinião sobre a nossa sociedade. Para isso é necessário saber o que se passa à nossa volta. A alienação que se vive com o futebol e as telenovelas é que permite que se escrevam alarvidades no Marquês. E o pior são as alarvidades que se cimentam nas cabeças das pessoas, porque as do Marquês o Proa manda-as limpar.
É neste vácuo de ideias que se recrutam jovens sem consciência política para as fileiras do chamado nacionalismo e se lhes rapam as cabeças, sobretudo por dentro, e lhes ensinam a bater o tacão com o braço esticado.