24 fevereiro 2009

YOP Natural

Nasci há 12 dias numa fabrica nos arredores de Lisboa. O maravilhoso mundo dos lacticínios criou-me numa das suas versões mais básicas. Sou líquido, é certo, mas não suficientemente sofisticado. Pelo menos sou um pouco mais espesso que um caprissone.
Gostava de ter sido um Actimel ou ter o glamur de um Corpos Danone ou ter o respeito de um Danacol. Odeio ser um iogurte natural. Queria ter algum sabor. Odeio a minha embalagem.
Com outra embalagem teria sido colocado numa prateleira melhor. Toda a gente olharia para as minhas curvas e me respeitariam. Seria mais caro. Teria um target num segmento mais alto. Seria levado para um frigorífico moderno colocado ao lado de um chèvre ou um tokaji.
O consumidor tem uma atitude displicente em relação ao meu prazo. Desde a primeira fermentação que tenho medo de ir para o lixo por passar o prazo. E ainda que seja consumido, serei bebido até ao fim? Serei deixado a meio com a tampa aberta?
Deus queira que a minha embalagem seja reciclada em vez de ir parar ao lixo e ser catado por um tipo com uma boina.

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