10 dezembro 2007

Banditismo parvo

Não posso deixar de registar o meu desagrado pela forma como vejo o banditismo ser praticado nos últimos dias.
Dou dois exemplos. A morte do dono do mítico bar “O Avião” e o roubo (em rigor, foi um furto) de donativos para a festa de Natal dos sem-abrigo de Lisboa, organizada pela Comunidade Vida e Paz.
Dois exemplos do desnorte a que o banditismo chegou! Dois exemplos de parvoíce pura! Não pelas razões que levaram os bandidos a praticarem tais actos, não por terem prejudicado as vítimas nem sequer por o crime ser uma coisa, em si mesma, perniciosa para a sociedade. Tudo isto é verdade, sim senhor, mas estes actos são parvos porque condicionam a estratégia de comunicação que o banditismo tem seguido.
Mas podem dizer-me: “Ah, mas qualquer crime dá mau nome aos bandidos!”. É verdade, têm razão. Mas, a questão é que há limites!
Quando ouvi no domingo passado que tinham morto o dono do Avião estive longos minutos a explicar aos meus sogros (que estavam cá em casa) como o senhor era uma simpatia. Se não fossem aquelas luzes e as bailarinas brasileiras a passar com a mesma quantidade de roupa que se usa nas tribos da Amazónia quem olhasse para aquele senhor atrás da caixa registradora pensaria que estava numa retrosaria! (bom, dada a hora seria uma retrosaria de conveniência) É um disparate porque o público não gosta que se matem velhotes assim fofinhos. Que matem seguranças de discotecas e empresários que com bigode, como se faz no Porto! Isso sim, é um banditismo com sentido!
Tão disparatado quanto isso é roubar os alimentos para uma festa de Natal de sem-abrigo organizada por uma instituição de solidariedade social. Que vão roubar um banco! Até ouvi dizer no metro que há agora bancos que se roubam sem consequências (não sei se é verdade)! Mas roubar a quem já carrega a cruz de ser indigente? Isso é estúpido e as pessoas quando lêem essa notícia ficam realmente indignadas.
Quero assim deixar a sugestão aos bandidos para que contratem uma empresa de assessoria de comunicação. Há por aí umas muito boas, com menos trabalho uma vez que não haverá eleições tão cedo, que podem ajudar os bandidos a planear a sua estratégia de comunicação e dar conselhos sobre que tipo de actividades criminosas têm mais aceitação pela sociedade.
É claro que recorrendo a estas empresas vão irritar o Santana e arriscamo-nos a que ele escreva outro livro daqueles, mas acho que ponderado o custo/benefício todos estaremos dispostos a algum esforço de modo a evitar os despautérios que se sucedem nos últimos tempos.

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